Eu sou caboclo, gosto da realidade
Coleciono quantidade de coisas do meu sertão
Bem conservado tenho um couro de boi
Companheiro já se foi mas ficou recordação
Guardo com gosto penduradas na varanda
Duas brochas e uma canga de dois mestres bois de guia
Com seis argolas, um aguçado ferrão
Um chumaço e o cocão, são selos de garantia
Caboclo foi o índio velho meu pai
Quem me ensinou a cantar as coisas do meu sertão
Bem afinada tenho uma boa viola
Que faz parte da história junto a um laço bem surrado
Como relíquia também guardo um velho trole
E no corguinho o monjolo batendo bem compassado
Tem um engenho todo feito de madeira
Um pilão e uma esteira, selos bem valorizados
Tem um cambão, dois fueiros e um tirante
De três chifres um berrante que toco bem repicado
Guardo a lembrança do meu selo de saudade
De colhidas amizades no presente e no passado
Tenho a buzina, também selo de caboclo
E um cão latindo rouco demonstrando estar cansado
Simbolizando o emblema do amor
A cabocla conservou a beleza no semblante
Beleza pura com o perfume da paisagem
Numa singela homenagem torno a repicar o berrante