Não me sai do pensamento o lugar que fui criado
A fazenda que eu morei tinha o nome de lajeado.
Onde meu pai foi carreiro e eu também fui empregado
Tinha oito boi de carro que por nós fará amansado.
Mas papai não teve sorte, boi malhado era o mais forte
O patrão mandou por corte um dos bois mais estimado.
Eu estava na invernada quando recebi o recado
Meu coração de caboclo no peito bateu magoado;
Foi correndo ao matadouro, mas cheguei muito atrasado
Consegui comprar o couro, o boi já tinham matado.
Veio no meu pensamento mandei transar quatro tentos
Por ser um boi de talento deu um laço reforçado.
Numa tarde de verão sai pra correr o gado
O meu patrão tinha ido junto com seus convidados
Pra fazer uma pescaria lá no seu peço cevado
E lá no rancho beberam e ficaram embriagado
Pescaram muito nesse dia, e vejam só quanta alegria
Pra fazer uma pescaria meu patrão foi respeitado.
Rio Tiete estava cheio barranco de lado a lado
Ele pegou uma canoa e entrou no canal errado
Ouvi um grito de socorro fui correndo preparado
Tirei da chicha depressa meu cipó enrodilhado.
Pra salvar o meu patrão joguei toda a extensão
Como laço um barbacão, quando ele fica alongado.
Meu patrão foi muito rico e tinha muito guardado
Herança do pantaneiro de cangote calejado
E jamais ele tinha pensando no boi que tinha matado
Ia salvar sua vida no rio Tiete afamado
Dono de um grande tesouro e usava cheque ouro
Mas foi salvo pelo couro do saudoso boi malhado.