Quem me contou seu passado
Foi o Sebastião Carreiro
Que mora em Três Corações
No querido chão mineiro
É um homem calejado
Com seus oitenta janeiros
Lá na fazenda da Vargem
Trabalhou o tempo inteiro
Estação de São Tomé
Propriedade do Bié
É um grande fazendeiro
Ele me passou os nomes
Dos seus doze bois carreiros
O Completo e o Violento
Apaixonado e Faceiro
Reinado e Minuano
Pensamento e o Trigueiro
Boi do meio, Boi de guia
Me passou os dados inteiro
O Chibante e o Diamante
Sargento e o Possante
No cabeçaio os primeiro
Fala da vaca Tesoura
E do cavalo arriado
Dos momentos de tristeza
Quando foi tudo mudado
Um dia de pai pra filho
Aquele chão foi passado
Com a vinda de gente nova
Tudo ali foi transformado
Diz assim seu Sebastião
Que seu velho coração
Lá se encontra sepultado
Pois é meu caro Tião
Preste atenção que lhe digo
Comigo também passou
O que se passou contigo
Eu também tenho saudade
Lá do meu lugar antigo
Lá deixei os meus compadres
Afilhados e amigos
Ficou morto meu passado
E de tudo ter mudado
Parece até um castigo
Meu caro Sebastião Gomes
Bão amigo e bão mineiro
Vai da minha simpatia
Um abraço de um violeiro
Nós também somos do mato
Temos sangue de roceiro
Nós também continuamos
Carreando nossos janeiros
Levando a carga da vida
Desta saudade doída
Até o dia derradeiro